Cavalos atletas com preparo de campeão
A equipe brasileira de hipismo, na modalidade Salto, buscava o hexacampeonato nos Jogos Pan-americanos de 2015, no Canadá. O esporte alia a técnica do cavaleiro à força dos cavalos e encanta quem assiste.
Por trás do bom desempenho dos animais atletas existe um planejamento que envolve nutrição, treinamento e sanidade animal. O médico veterinário tem papel fundamental no esporte, sendo responsável por avaliar a aptidão do cavalo, confeccionar protocolos sanitários, orientar o treinamento e alimentação.
O médico veterinário José Corrêa de Lacerda Neto, integrante da Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV) do CFMV explica que a maioria das raças equinas é fruto de seleções apuradas nas quais se busca aptidão para o trabalho ou modalidade esportiva. Cada uma delas apresenta características morfofisiológicas que as diferenciam.
As provas de Salto, a exemplo das que estão sendo disputadas nos Jogos Pan-americanos, exigem do cavalo potência, força e velocidade. Alguns exemplos de raças apropriadas para esse esporte são a Sela Belga, Sela Francesa, Puro Sangue Inglês (PSI) e o cavalo Brasileiro de Hipismo. Também é possível o cruzamento entre as raças.
Um exemplo é o cavalo Baloubet Du Rouet que deu ao Brasil a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e foi campeão mundial com o cavaleiro Rodrigo Pessoa. O animal é fruto da mistura de vários sangues, entre os quais Sela Francesa e PSI.
O médico veterinário José Corrêa de Lacerda Neto explica que a alimentação tem um papel fundamental para garantir o excelente desempenho de um cavalo atleta.
“A nutrição do cavalo atleta deve ser orientada. A atividade física extenuante pode aumentar em até 2.000% as demandas energéticas e para atender a estas necessidades é preciso fornecer substratos ricos em energia como carboidratos e gordura na forma de óleos vegetais”, afirma Lacerda.
O integrante da CNRMV explica que as refeições devem ser equilibradas incluindo percentuais de fibra que evitem ou minimizem o aparecimento de distúrbios digestivos como as cólicas, por exemplo.
A hidratação também é fundamental. O suor do cavalo é um fluido composto de água, eletrólitos e proteínas. A perda do suor pode causar desidratação e desequilíbrio ácido-básico caso a água e os eletrólitos não sejam repostos. Além da nutrição e hidratação, é preciso um treinamento que atenda a dois aspectos: condicionamento físico e habilidade.
De acordo com o médico veterinário, a ausência de um trabalho adequado de resistência e o excessivo trabalho de potência são os principais responsáveis pela ocorrência de lesões músculo-esqueléticas nos animais.
“Um programa de treinamento deve se iniciar com uma fase de resistência dando tempo aos músculos, ossos e articulações se adaptarem. Além disso, há necessidade que o organismo todo se adapte de forma a manter o equilíbrio de seus diferentes componentes. Após o exercício o cavalo deve passar pelo desaquecimento, contribuindo para remover compostos indesejáveis decorrentes do catabolismo da fibra muscular”, explica Lacerda.